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Paraíba Rumo ao X Encontro Nacional da Articulação do Semiárido

Patac participa do Encontro Estadual da ASA Paraíba em preparação ao evento.

 

Na semana de 16 a 18 de setembro, a ASA Paraíba realizou um evento de preparação para Encontro Nacional da ASA (EnconASA), na sua 10º versão, que acontecerá entre os estados de Alagoas e Sergipe (Alagipe), na cidade de Piranhas, de 18 a 22 de novembro.  


Com a participação majoritária de agricultores e agricultoras, o encontro na Paraíba foi construído com vários momentos onde compartilharam seus conhecimentos e experiências, como o Terreiro das Inovações Camponesas e o Carrossel das Redes temáticas da ASA.





Metodologias de interação com o público para a divulgação das tecnologias sociais desenvolvidas pelas famílias agricultoras.


A ASA Paraíba é formada por organizações, grupos formais e informais de agricultores e agricultoras que atuam e vivem em sete territórios do Semiárido paraibano: Borborema, Cariris, Alto e Médio Sertão, Curimataú, Seridó e Agreste. O Patac faz parte dessa rede a partir da assessoria técnica e sócio-organizativa no território do Coletivo Regional das Organizações da Agricultura da Familiar do Cariri, Seridó e Curimataú.


Nos sete territórios de atuação da ASA PB, contabiliza-se cerca de 300 grupos de Fundos Rotativos Solidários (FRS); mais de 100 mil cisternas de primeira água construídas pelo Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC); mais de 10 mil tecnologias que guardam água para produção de alimentos e criação animal, implementadas pelo programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2); mais de 150 Bancos Comunitários de Sementes (BCS).

 

Além da programação diurna, na abertura (dia 16 à noite), aconteceram duas plenárias – uma de mulheres e outra da juventude.


Na plenária das mulheres foi refletido a seguinte questão: Quais as principais conquistas das mulheres na trajetória da ASA? Com as respostas, se construiu uma linha do tempo da ação da articulação na Paraíba nos últimos 30 anos.

 

A resposta que mais se repetiu conta da chegada das cisternas no Semiárido paraibano. Mas, disseram que não foi só a construção da cisterna que transformou a realidade para melhor. A libertação, autonomia e empoderamento vieram a partir do processo de formação política.

 

Na plenária das juventudes rurais, houve uma reflexão importante que veio a partir da quantidade de jovens presentes no encontro. Esperava-se 25 jovens, só participaram 12, mostrando o quanto esse público tem dificuldade de estar nesses espaços, até mesmo por conta do horário escolar.


No momento, representantes de cinco territórios do Semiárido paraibano discutiram temas centrais, como a defesa dos territórios contra os megaempreendimentos de energia renovável, auto-organização das juventudes, formação política e fundos rotativos solidários como ferramentas para a emancipação e geração de renda.

 

Houve também reflexões sobre o fortalecimento do protagonismo juvenil nos espaços de decisão, o acesso à terra e às políticas públicas, além de questões muitas vezes invisibilizadas, como racismo e homofobia.

 

Energias renováveis – A Paraíba é um dos estados que têm organizado a resistência à chegada das indústrias de energia no espaço rural. No âmbito da ASA, esse debate já foi realizado em outros encontros e, desta vez, foi retomado como forma de manter acesa a chama da organização para a resistência e o enfrentamento, mas também porque a ASA Paraíba vai conduzir uma oficina no 10º EnconAsa sobre o tema com representantes dos demais estados do Semiárido, articulados na ASA Brasil.O seminário no encontro estadual foi organizado em duas mesas. A primeira, com as denúncias da violação de direitos provocada pelas empresas de energia, com destaque especial para o contrato que as empresas oferecem para as famílias agricultoras cederem suas propriedades para a exploração do vento e do calor do sol.

 

"Estamos enfrentando um grande problema. As famílias lutaram muito para conseguir um pedaço de terra e agora estão sob ameaça de perdê-las, enganadas por empresas que prometem valores que não vão pagar”, diz uma agricultora da Serra do Abreu, entre muitas falas que denunciam violações graves de direitos dos povos do campo.

 

A segunda mesa foi focada nas experiências de resistência. E isso evidenciou as inúmeras formas de fazer frente às invasões das indústrias, que vem acontecendo no Semiárido paraibano. Uma das experiências apresentadas foi a do Comitê de Energias Renováveis do Semiárido (CERSA) que tem disseminado um modelo descentralizado de produção de energia elétrica a partir do sol.

 

Deste momento, saíram vários compromissos para seguir no enfrentamento ao modelo centralizado. Um deles tem relação com o reconhecimento da importância do acesso à informação verdadeira para as famílias.

Outro compromisso foi de se organizar enquanto um ator coletivo propositivo e firmar parcerias com outros movimentos, como o MST, Fetag PB, Contag.


Olhando para o passado para construir o futuro - Um dos momentos altos do encontro foi quando olharam para os principais marcos da história da ASA PB e ASA Brasil. “Os acontecimentos que marcaram o rio da vida da ASA PB vão se encontrar com os acontecimentos do rio da vida dos demais dos estados, os quais desembocam no EnconAsa”, revela Glória, da coordenação executiva da ASA Brasil e do Patac. Na caminhada de 31 anos da ASA PB, foram identificados enfrentamentos importantes como às sementes transgênicas e a valorização das sementes crioulas, o lançamento dos programas de acesso à água da ASA na Paraíba, a criação dos GTs de mulheres e juventudes, entre outros.

 

Neste olhar para a história, foi lembrada a importante contribuição de Socorro Gouveia, uma grande referência da ASA no sertão paraibano. Socorro faleceu em novembro de 2023.


Rumo ao 10º EnconASA – Com os intensos momentos do encontro, premissas importantes sobre a natureza da ASA PB ficaram muito evidentes para quem estava presente. E, como as discussões aconteciam à luz da atual realidade das comunidades rurais, os delegados e delegadas poderão levar na bagagem um olhar amplo e compartilhado dos diversos territórios e sujeitos que vivem e põem em prática a convivência com o Semiárido.

 

 

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